Investir em música ao vivo nos bares pode impulsionar o
sucesso de artistas iniciantes, enquanto fortalece a experiência do cliente e
cria uma atmosfera única
A relação entre os bares e o cenário musical brasileiro é de
grande proximidade. O setor de bares e restaurantes cumpre, além do serviço de
alimentação, uma função social. Ele conecta pessoas, estabelece um ambiente
para socialização, gera empregos e ainda torna o espaço das cidades mais vivo.
É um convite à expressão, à diversão e à criatividade.
Uma das maravilhas desse setor é justamente a de criar
espaço para que artistas possam se desenvolver e crescer no cenário da música.
Na canção “Nos bailes da vida”, de Milton Nascimento, o artista afirma: “foi
nos bailes da vida ou num bar, em troca de pão, que muita gente boa pôs o pé na
profissão de tocar um instrumento e de cantar”.
Isso mostra o tamanho da importância dos estabelecimentos
que investem em apresentações de música ao vivo para o apoio da carreira de
artistas. Grandes nomes como Zeca Pagodinho, Lenine e Ana Carolina tiveram o
início de suas trajetórias cantando em bares.
Para Gustavo Alves, empresário do setor, esta é uma via de
mão dupla. Ao passo que a música ao vivo confere ao empreendimento uma
atmosfera mais acolhedora, agradável e atrativa, o artista começa a conquistar
uma base de apreciadores e pode crescer e ter uma carreira de sucesso.
“São vários exemplos de artistas que começaram nos bares e
restaurantes, é muito cultural. César Menotti e Fabiano começaram assim. O
próprio Vander Lee também. Eles são conhecidos, mas começaram nos barzinhos de
Belo Horizonte até virarem sucesso nacional”, conta Gustavo.
O empresário, proprietário do Köbes Emporium Bar, na capital
mineira, ressalta a popularidade das duplas sertanejas, muitas das quais também
percorreram o mesmo caminho.
“Eu vejo muito como os bares são importantíssimos nessa
parte, de proporcionar essa oportunidade para quem ainda está começando ou às
vezes ainda não tem grande reconhecimento”, afirma.
Esta é uma realidade que se prolonga de norte a sul do país.
Rodolphe Trindade, sócio do Pirata Bar em Fortaleza (CE), também acredita na
importância desse elo tanto para os artistas quanto para os estabelecimentos.
Ele conta que o Pirata é um local que enaltece desde artistas
em início de carreira aos já renomados. O bar marcou a história de artistas
como Falcão e Dorgival Dantas, que ganharam projeção para se lançarem com
sucesso.
“Dorgival já se apresentava como sanfoneiro quando passou a
integrar a banda do Pirata. Depois desse período na banda, ele seguiu carreira
solo.”
Ele explica que a estrutura do estabelecimento é de uma casa
de shows, o que proporciona um perfil mais profissional para o lançamento de
artistas locais. Além de terem dado oportunidade a diversos músicos, também
receberam grandes artistas, como Cássia Eller e Adriana Calcanhoto, que fizeram
ali suas primeiras apresentações no Ceará.
Rodolphe explica que o tipo de ambiente, de clientes e o
tamanho do espaço influenciam no perfil de artistas que se apresentam no local.
“É uma situação parecida com o que acontece com jogadores de futebol. Os que
ganham um milhão são poucos, a maioria tem um cachê mais simples. E a maioria
dos artistas tem seu ganha pão por meio das apresentações em bares”, explica.
Para ele, independentemente do perfil, a liberdade para
definir um acordo e o respeito entre os empresários e os artistas são
elementos-chave que formam a base na qual essa relação de sucesso é construída.